Em 1985, o caldeirão cultural fervia em Salvador, era época do deboche do grande tricolor Luís Caldas, o precursor do Axé Music, os ritmos afros também começavam a despontar, saindo das periferias e chegando ao grande público. Ou seja, o clima era dominado pela música, era alegria e festa na cidade que todo mundo é d’Oxum.
Foi
neste clima que o Bahia montou um time desacreditado e formado por
desconhecidos para a disputa do campeonato brasileiro. O elenco era
formado por jogadores oriundos do próprio clube, do interior do estado e
de times do sul e sudeste. O técnico era o Paulinho de Almeida e O time
base era: Roberto Bahia, Edinho, Estevam Soares, Celso e Miguel; Sales,
Leandro, Emo e Marinho; Robson e Ronaldo Marques. Alguns jogadores como
Toinzinho, Helinho e Ademir Patrício entravam sempre e correspondiam. O
forte sem dúvidas era o meio-campo.
Com
este time, o Bahêa surpreendeu e terminou a 1ª fase do campeonato em
primeiro, com 26 pontos, sendo 10 triunfos (à época correspondia a 2
pontos), 6 empates e 4 derrotas; 27 gols a favor e 19 contra. Tabela
completa em: http://www.bolanaarea.com/brasileirao_1985_fase1_grs_a-b.htm
Além
da pontuação expressiva o Tricolor goleou o Grêmio e Ceará, ganhou do
Galo e Porco fora de casa, ganhou em casa e fora do campeão, o Coxa,
campanha de respeito, uma das melhores, se não a melhor de todos os
campeonatos. Para quem não viveu esta época, e para quem viveu matar
saudades, seguem alguns vídeos:
O
campeonato parou para a disputa das eliminatórias, o Bahia perdeu
algumas peças e não manteve o ritmo. No último jogo do campeonato,
perdeu para o Brasil de Pelotas em SSA, com a torcida torcendo contra,
fato inédito, e tirou o Flamídia da semifinal.
Mas,
qual o motivo do título e do 1º parágrafo falarem de música e não de
futebol? Para mim, jogar por música significa o time atuar com a
harmonia de uma orquestra, sem sacrifício nos movimentos e emocionando a
quem ver, como exemplo cito o Brasil de 1982 e o Barcelona de
Guardiola.
O BAHIA
de 1985 foi além, o bom futebol foi apenas uma das partes do belo
espetáculo de todo jogo na Fonte. Não sei como, nem me lembro em qual
jogo começou, mas a torcida ditava o ritmo do time e inibia o adversário
por meio de palmas, a bola rolava de pé-em-pé e não raro acabava na
rede. Era um espetáculo difícil de descrever, só sei que era de arrepiar
ouvi a multidão batendo palmas no ritmo afro, que tão bem representa
nossa torcida, e o time em campo tocando a bola e dominando quem por ali
se aventurasse. Nem o time Campeão Brasileiro em 88 conseguiu mesclar
com tanta magia a tríade que domina os baianos, BAHÊA, CARNAVAL e
RELIGIOSIDADE.
O ritmo que chega mais perto das palmas é a levada desta música do grande tricolor Ricardo Chaves, https://www.youtube.com/watch?v=BlDDq9Ev9uY
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