Lá pelo final dos anos 80, início dos 90, a música sertaneja
invadiu o Brasil, chegando com força em SSA, passou a disputar espaço com o axé
nos bailes de formatura. Ontem, eu fui ver o Bahia no Goiás, terra onde
sertanejo é rei, e foi impossível não lembrar dos sofridos sucessos dos goianos
Zezé de Camargo e Luciano (ZC&L), Leandro e Leonardo (L&L), e dos
paulistas Chitãozinho e Xororó (Ch&X).
Sem dúvida, como cantava ZC&L, o Bahia, no segundo
turno, é um caso complicado de se entender. Acho que hoje não tem um único
torcedor do Bahia que não se pergunte que porra está acontecendo com o time.
Como eternizou CH&X, por muito tempo a Nação Tricolor e o clube viveram
negando as aparências e disfarçando as evidências que o time estava despencando
na tabela e que problemas internos sérios vinham afetando nosso desempenho,
agora não dá mais. Qualquer torcedor que tenha um senso mínimo de observação,
vendo o Bahia em campo, percebe que tem merda, com menos de 30 minutos de jogo,
já tem jogador voltando andando de cabeça baixa, enquanto o adversário dispara
em campo.
Não dá para não lembrar do imortal sucesso de L&L, Pense
em mim, a sensação que me passou ontem no Serra Dourada foi que os jogadores do
Bahia não estão mais com a cabeça em 2019, a bola chora e clama “pensa em mim”,
mas os caras já estão pensando e ligando para ela, seja lá quem seja, mas em jogar bola, eles não estão pensando mais.
Quando falamos de bom futebol e jogo coletivo, só nos resta
cantar outro sucesso de L&L Sabe, quanto tempo não te vejo!.../ Cada vez
você distante, / Mas eu gosto de você. O bom e aguerrido futebol do primeiro
turno, hoje não passa de um fio de cabelo em meu paletó, como eternizou
CH&X.
Pois é, como diria L&L, eu ainda não aprendi dizer adeus
aos triunfos, só sei que não vou me acostumar com esta mediocridade que o Bahia
passou a ser no Brasileirão. Pior, a direção não tem nada para dizer, parece
que só o silêncio fala por eles. Pois é, o ano se encaminha para o final, e o
Bahia foi um eterno tapas e beijos com o bom futebol, tivemos momentos gloriosos,
mas alguns simplesmente para se esquecer.
Deixando a música de lado, e falando um pouco da parte
técnica do jogo, Roger ousou ao entrar um 4-2-4, digo isto porque nenhum dos
três meias atacantes se dispôs a fazer a meia. Lucca, mais uma vez foi um zero à
esquerda em campo, o cara entrou e saiu de campo sem ninguém perceber, se
limitou a ficar parado, literalmente falando, na esquerda; AK encostou em
Gilberto, fazendo um Cosme e Damião improdutivo durante todo o primeiro tempo;
e Élbinho na dele, mas muito na dele mesmo, pelo lado direito, por sinal, este
é o tipo de jogador que só pode entrar em campo se tiver 120% fisicamente, com
99,9%, o futebol dele já cai demais. Bastava o Bahia pegar na bola para os 4 se
esconderem atrás da zaga adversária. Na única chance que tivemos, Gilberto
ficou com medo de chutar de canhota. Só um detalhe, vi muito torcedor dizendo
que esta era a escalação ideal do Bahia, após o início do segundo tempo na
derrota para o Fluminense.
No primeiro tempo, o Bahia se limitou a tocar bola entre os
zagueiros, laterais e volantes, e praticamente todos se esforçaram muito para
fazer o que Moisés fez no segundo gol dos caras. Vanderson parecia um amador no
meio de profissionais, triste a atuação dele na etapa inicial.
Guerra, mesmo passando uma péssima fase técnica, deu outra
movimentação ao time no segundo tempo, não foi por acaso que fizemos os 3 gols.
João Pedro também melhorou nossa produção pelo meio, mas tem de entender que
futebol é coletivo, carregar a bola é bom, mas fazer a bola rolar é melhor. Em suma, o Bahia mais um vez decepcionou e foi um time que mereceu a
derrota, 4x3 foi um resultado enganoso, uma goleada para o limitado time do
Goiás teria sido mais justa.
Por fim, ah se Deus nos ouvisse e mandasse de volta o time
aguerrido de futebol coletivo que um dia partiu, retornaria para a torcida toda
a felicidade e alegria de ver o Bahia em campo. Mas, pelo jeito, nosso final de
ano vai ser uma melancólica canção sertaneja.
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