Dia histórico, 31 anos da
conquista do título brasileiro de 1988. Para quem acompanhou esta saga, parece
que foi ontem, lembramos de cada gol, de cada chute, das roubadas de bola de
Paulo Rodrigues, das arrancadas de Marquinhos, das defesas nota 10 de Ronaldo, da festa nas arquibancadas, do amor à
camisa e da entrega de cada jogador em todas as partidas, enfim as lembranças
são muitas e são eternas.
Voltando ao presente, semana passada, assisti a
excelente entrevista de Bellintani na ESPN, deu show o sacana, fala bem demais.
Numa certa altura, ele soltou que o título de 88 tinha sido circunstancial, não
sei bem o que ele considera circunstancial, ou mesmo qual o sentido estrito da
palavra, mas como interpreto o termo, ele errou. É fato que o futebol
brasileiro passava por um momento de mudanças, os grandes jogadores começavam a
sair aos montes para a Europa, só para os novos terem um ideia, na seleção de
82 somente Falcão jogava fora; na de 90, a maioria já jogava fora. Isto fez com
que os times médios diminuíssem a diferença dos grandes, não por acaso tivemos
uma final entre Coritiba x Bangu, em 85, com o Brasil de Pelotas em uma das semis.
Outra circunstância da época, os
estaduais ainda eram campeonatos fortes, e o Baiano passava por um momento
especial com Antônio Pithon como presidente da FBF. Livres de despesas pagas
pelo patrocínio obtido pela FBF, os times do interior montavam equipes fortes e
sobretudo revelavam jogadores capazes de vestir com desenvoltura a camisa
tricolor. Só do time campeão de 88 destaco Tarantini, Edinho, Sales, Claudir,
Bobô e Sandro.
Outro ponto que pode ser
considerado uma circunstância da época, a base do Bahia revelava muita gente
boa. Naquela época, a meninada disputava BaVi na preliminar do principal, nada
de se esconder em Pituaço ou Barradão dia de semana de tarde. A molecada já
subia com o couro grosso, foi por isto que João Marcelo, Dico, Marcelino, e os
excepcionais Ronaldo, Charles e, nosso eterno 10, Zé Carlos subiram e não sentiram
o peso do manto, deram conta do recado com muito louvor e bom futebol.
Não tenho dúvidas que a
organização administrativa do Bahia era outra se comparada a de hoje, mas
convenhamos, em 88, isto não tinha a mesma importância que tinha hoje. Para não deixar passar, o Fazendão era uma concentração top para os padrões da época. Talvez
tenha sido este o principal argumento de Bellintani para classificar nossa
conquista em 88 como circunstancial.
Contudo, não posso considerar que o título foi
circunstancial quando me lembro que o Bahia foi o melhor time da fase classificatória
do Brasileiro de 85; quando sei que o time da alegria formado por Zanata, Bobô
e Cláudio Adão ficou 9 rodadas invictas e liderou a primeira fase do Brasileiro
por muito tempo; que o Bahia foi o único time fora do eixo Sul e Sudeste a
integrar o clube dos 13; e que o time de Luiz Henrique, Naldinho e Charles
chegou como favorito numa semi de Brasileiro contra o Gambá em 90. Em suma,
aproveitamos sim as circunstancias da época e chegamos ao topo.
Mas, vamos deixar o passado ao
lado e falar um pouco do presente. Hoje, as circunstâncias são totalmente
favorável ao tricolor. Mesmo com alguns times despontando e se tornando quase inalcançáveis,
vemos que a maioria dos chamados times grandes patina na sua frágil organização
e administrativa, o que tem reflexo direto no desempenho em campo. O Bahia pós democracia rema em sentido contrário, estamos
cada vez mais organizados, pela primeira vez em muito tempo, nem na década de
80 fizemos isto, tiramos titulares do Fluminense, Corinthians, Vasco e Cruzeiro,
e temos bala na agulha para mais. Vamos torcer para que o Bahia se aproveite
das circunstâncias e volte a brilhar dentro de campo como na segunda metade da
década de 80.
Seja bem vindo Rodriguinho e BBMP
sempre.
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